Acessórios de Supermercado da Trol em Plástico Rígido: Miniaturas Colecionáveis Produzidas até 1972

Houve um tempo em que brincar de fazer compras era muito mais do que uma simples simulação do cotidiano. Nas décadas de 1950 a 1970, as miniaturas de supermercado faziam parte de um universo lúdico que refletia a realidade das casas brasileiras. Eram representações simbólicas de um mundo adulto que encantava as crianças.

Imitar os pais, organizar prateleiras, passar produtos no “caixa” ou carregar sacolas em miniatura dava à brincadeira um ar de importância, como se cada criança fosse, por alguns instantes, responsável por um pequeno negócio próprio.

Meus caros leitores, a infância brasileira daqueles anos encontrava nessas miniaturas uma forma de compreender o mundo ao seu redor e a brincadeira deixava marcas que resistem até hoje na memória de quem viveu essa época. Vamos ao blog de hoje.

O Fascínio Pelas Miniaturas de Supermercado no Século XX

O consumo doméstico ganhava força, o papel da dona de casa era exaltado em comerciais, e a figura do supermercado moderno começava a se consolidar no Brasil. As crianças, como sempre, absorviam tudo isso no brincar e os brinquedos de supermercado surgiam como uma resposta direta a essa nova realidade urbana. Esse fascínio era alimentado por um cenário social em transformação.

Mais do que isso, esses acessórios ajudavam a construir noções de organização, categorias, trocas, valores. Colocar uma caixinha de sabão em pó em uma “prateleira” ou fingir que pesava legumes na balança da feira de brinquedo era, ao mesmo tempo, educativo e profundamente prazeroso. Não havia telas nem sons digitais, mas havia interação, imaginação e uma forte ligação com a rotina familiar.

Essa linha de brinquedos, composta por pequenos objetos que imitavam com fidelidade os produtos reais da época, cativava igualmente meninos e meninas. Era comum ver irmãos organizando gôndolas improvisadas com caixas de papelão ou simulando filas para pagamento.

A Trol e o Mercado de Brinquedos no Brasil até 1972

A Ascensão de uma Marca Brasileira

A Trol surgiu num momento em que o Brasil ainda dependia de brinquedos importados, e rapidamente se destacou pela produção local de qualidade. Sua proposta era simples, mas poderosa. Criar brinquedos acessíveis, duráveis e com temas que se conectassem à rotina das famílias brasileiras.

Inovação com Identidade Nacional

Ao contrário de muitas concorrentes da época, a Trol não se limitava a copiar modelos estrangeiros. Ela adaptava o cotidiano brasileiro ao universo lúdico. Criava peças que reproduziam telefones, utensílios domésticos, ambulâncias, escolas e, claro, o ambiente dos supermercados. Era esse vínculo com a realidade que tornava suas miniaturas tão próximas da infância real.

O Papel dos Acessórios de Supermercado no Catálogo da Trol

Entre os anos 60 e início dos 70, esses acessórios em plástico rígido representavam com fidelidade itens como caixas registradoras, carrinhos, produtos de prateleira e outros utensílios. Eles complementavam as brincadeiras e mostravam o cuidado da marca com o detalhe, a resistência do material e o bom acabamento das peças.

Até 1972, essa linha foi uma das mais reconhecíveis e queridas entre os lançamentos da empresa.

Os Acessórios em Cada Detalhe

Variedade de Itens e Funções na Brincadeira

Eram compostos por uma série de miniaturas que reproduziam o ambiente comercial com surpreendente fidelidade. Havia caixas registradoras simples, carrinhos de compras com estrutura vazada, cestinhas com alça, sacolas simulando papel kraft e até prateleiras em miniatura. Cada peça era pensada para representar uma função dentro da brincadeira de “fazer compras”.

Material e Acabamento: O Plástico Rígido da Época

Esses acessórios eram fabricados em plástico rígido, geralmente poliestireno, um material comum na época por sua resistência e brilho.

As peças tinham cores sólidas e vibrantes, com acabamento liso e detalhes bem definidos no molde, como pequenos botões simulados na registradora ou relevos que imitavam rótulos genéricos de produtos. A Trol prezava por moldes limpos, com poucas rebarbas e encaixes firmes.

Escala e Proporção com Outros Brinquedos

As miniaturas tinham proporções que permitiam a integração com bonecos ou bonecas comuns da época, como os modelos da Estrela ou da própria Trol. Isso tornava possível montar cenários completos de supermercado usando diferentes brinquedos, algo que muitos colecionadores ainda preservam.

A escala aproximada girava entre 1:10 e 1:15, adequada tanto para mãos pequenas quanto para brincar com figuras.

Como Eram Vendidas e Utilizadas: Conjuntos e Publicidade da Época

Embalagens Simples, Mas Eficientes

Na época, era comum que fossem vendidos em embalagens plásticas ou caixas de papelão com visor transparente, permitindo que os itens ficassem visíveis já nas prateleiras das lojas. Em muitos casos, os conjuntos vinham agrupados por tema, como “kit supermercado” ou “acessórios domésticos”, geralmente com três a cinco peças.

A apresentação não era luxuosa, mas era funcional e direta, algo que combinava com o perfil das famílias da classe média brasileira dos anos 60 e 70.

Conjuntos Completos e Peças Soltas

Além dos kits prontos, algumas lojas vendiam acessórios avulsos, permitindo que as crianças montassem seu próprio supermercado aos poucos. Isso criava um envolvimento maior com a brincadeira, como se o pequeno “mercado” crescesse com o tempo. Essa flexibilidade agradava pais e filhos, e refletia também a cultura de reaproveitamento e montagem criativa muito presente naquela geração.

Brincar de Gente Grande: O Uso dos Acessórios na Rotina Infantil

As miniaturas não vinham acompanhadas de instruções ou roteiros de brincadeira. Isso era proposital pois deixava espaço para a imaginação. Crianças organizavam filas, simulavam pagamento com folhas de papel, usavam bonecos como clientes. As peças permitiam um brincar livre, interpretativo e espontâneo, algo valorizado até hoje por pedagogos e colecionadores.

Publicidade Discreta, Mas Presente

Embora a Trol investisse menos em propagandas de TV do que marcas como Estrela, suas linhas eram frequentemente divulgadas em revistas, encartes de lojas de brinquedos e vitrines. Algumas propagandas destacavam a durabilidade do plástico e a fidelidade dos formatos, enquanto outras apenas mostravam o brinquedo em ação, nas mãos de crianças sorrindo e isso bastava para gerar desejo.

Mudanças na Produção e o Fim da Linha nos Anos 70

A Transformação do Mercado de Brinquedos

No início da década de 1970, o mercado brasileiro de brinquedos começou a passar por transformações profundas. A concorrência aumentava, novos materiais começavam a ser testados, e os hábitos de consumo também mudavam.

A indústria passava a apostar mais em brinquedos com mecanismos, movimentos e apelos visuais voltados para ação e tecnologia. Uma tendência mundial impulsionada, em parte, pela chegada dos brinquedos licenciados e das primeiras animações veiculadas em larga escala na TV.

A Trol e as Prioridades da Nova Geração

Enquanto a Trol mantinha seu compromisso com a simplicidade, qualidade e a representação do cotidiano, o gosto das crianças começava a migrar para brinquedos mais “agitados”, com luzes, som ou personagens de histórias conhecidas.

O apelo dos brinquedos que simulavam ambientes reais, como supermercados, foi perdendo espaço diante de carros de corrida, bonecos articulados e jogos eletrônicos rudimentares.

Custos, Moldes e Redirecionamento de Produção

Fabricar acessórios detalhados em plástico rígido exigia moldes bem acabados e processos mais cuidadosos. Com o aumento dos custos industriais e a necessidade de acompanhar o ritmo acelerado da concorrência, muitos fabricantes, inclusive a Trol, começaram a rever seus catálogos.

Linhas mais simples e menos lucrativas acabaram sendo descontinuadas silenciosamente, e foi nesse contexto que os acessórios de supermercado deixaram de ser fabricados por volta de 1972.

Fim de Uma Linha, Início da Raridade

Ao contrário de brinquedos que marcaram presença constante na mídia ou foram relançados em outras décadas, a linha desapareceu do mercado sem grandes anúncios.

E é justamente essa retirada discreta que contribuiu para sua raridade atual. Poucas peças foram preservadas, ainda menos foram mantidas em bom estado, e quase nenhuma permaneceu com embalagem original, o que aumenta o fascínio dos colecionadores até hoje.

Valor Atual no Colecionismo: Itens Mais Raros e Procurados

Um Tesouro para Quem Viveu Aquela Época

Entre colecionadores, ocupam um espaço afetivo muito especial. Quem teve a sorte de brincar com elas nos anos 60 e início dos 70 guarda lembranças vívidas dessas peças.

Para muitos, reencontrar uma dessas miniaturas hoje é mais do que adquirir um objeto, é reviver uma parte da infância. É por isso que, mesmo sendo acessórios simples, sua procura é constante em grupos de colecionismo.

Difíceis de Achar, Raras de Ver Completas

A maioria dos conjuntos originais se perdeu com o tempo. Como os acessórios eram pequenos e frágeis, muitos foram danificados ou descartados ao longo dos anos. Encontrar um kit completo, com cestinha, caixa registradora, prateleiras e itens de “compra”, é cada vez mais raro.

As embalagens originais, então, são quase inexistentes no mercado. Peças soltas ainda aparecem em feiras, fóruns e marketplaces, mas em estados variados de conservação.

Raros e Queridos

Embora não existam valores fixos atribuídos a esses acessórios, a procura por eles vem crescendo silenciosamente entre colecionadores que viveram a infância nas décadas de 60 e 70. O verdadeiro valor dessas peças está no material, no estado de conservação e na memória que carregam.

São objetos difíceis de encontrar, especialmente completos ou com embalagem original, o que aumenta seu apelo simbólico.

Em fóruns e feiras de colecionismo, quando surgem, são recebidos como verdadeiros achados e despertam um interesse que vai muito além de qualquer tabela de preço. Para muitos, é uma chance rara de tocar, mais uma vez, em um fragmento da infância.

Preservação e Identificação de Peças Originais

Como Reconhecer Acessórios Autênticos

Uma das principais dificuldades enfrentadas por colecionadores está em identificar peças realmente fabricadas pela Trol. Muitos acessórios de plástico rígido produzidos por outras marcas nacionais na mesma época tinham formas semelhantes, o que pode gerar confusão.

Peças da empresa costumam ter moldes mais limpos, com linhas bem definidas e acabamento consistente. Algumas ainda carregam inscrições discretas com o nome da marca, geralmente na parte inferior ou no verso das peças.

Evitando Confusão com Brinquedos Similares

A partir da década de 70, outros fabricantes menores passaram a produzir acessórios genéricos, frequentemente vendidos em saquinhos avulsos ou como brindes. Essas peças, embora visualmente parecidas, costumam ser mais leves, menos detalhadas e com plástico de qualidade inferior.

Em mercados de pulga ou feiras de antiguidade, essa distinção pode fazer toda a diferença para quem busca montar um conjunto original da marca.

Cuidados para Conservar os Acessórios

O plástico rígido utilizado, embora resistente, pode ressecar ou amarelar com o tempo. O ideal é manter as peças longe da luz direta do sol, da umidade e de variações extremas de temperatura.

A limpeza deve ser feita com pano seco ou levemente umedecido em água, sem produtos abrasivos, que podem danificar o acabamento original. Guardar os itens em caixas com divisórias ajuda a evitar riscos e deformações.

Memória e Nostalgia: A Influência Cultural dos Acessórios da Trol

Há brinquedos que atravessam o tempo pela memória que carregam. Esses acessórios são exatamente isso. Pequenas peças que sobrevivem como fragmentos de uma época em que a infância era marcada por brincadeiras simples, cheias de imaginação e significado.

Para muitos brasileiros que cresceram nas décadas de 1960 e 70, brincar de fazer compras com essas miniaturas era mais do que uma distração, era uma forma de interpretar o mundo adulto com os próprios olhos.

A caixa registradora de plástico servia para desenvolver a noção de troca, organização, cuidado com os detalhes. Era lúdico, sim, mas também profundamente formativo.

Portanto meus amigos leitores, esses brinquedos deixaram de ser fabricados há décadas, mas continuam vivos nas conversas entre irmãos, nas lembranças de pais e avós, e nos acervos preciosos de colecionadores apaixonados.

Em exposições ou grupos especializados, é comum ouvir histórias emocionadas de quem reencontra uma cestinha, um carrinho ou uma simples prateleira, e se vê, de repente, transportado para a sala de estar da infância.

Mais do que parte da história da Trol, esses acessórios são parte da própria história de quem brincou com eles. E por isso permanecem não só nas estantes, mas na memória afetiva de gerações inteiras.

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